Alma sonolenta emudecida,
És virgem em sentimento,
Não sabeis o que és a vida,
Não nasceu o pensamento.
Alma lasciva, intermitente,
Fria, dócil, monstruosa,
Vaga, pálida, morta, carente
De mais presença glamorosa.
Morreis enquanto mata o sentimento,
Matais, provais o doce verve quente,
O sangue que é amargo frio silente
E guarda mais sabor do beijo lento...
Corais alva face virgem mal-regrada,
Mostrai o Loki deus em que habita,
Colheis o amargo fel da terra arada,
Cegais o negro olho que te fita...
Não temeis o julgamento humano,
Provais que é imperfeita e imortal,
Provais do luxo morno que é profano,
Olhais com seu olhar aceso fatal...
Alma, não nasceu para viver sorrindo,
Nasceu apenas pra morrer sofrendo,
Sentindo a adaga quente lhe ferindo
E o sangue do seu corpo ao chão vertendo...
Não sofra o amargo destino que é imutável,
Queirais o beijo magno do vampiro,
Correis ao rubro braço forte inefável
Morreis sorrindo o seu último suspiro...
Ao menos terás a companhia dum defunto,
E eu que não terei companhia alguma?
Morrerei sozinho! Célula a célula, uma a uma...
“Por quê?”. Pergunto ao Deus! Pergunto...