sábado, 22 de maio de 2010

[Sem Nome]

É a Verdade tão vil e tão matreira?

Uma carta de veneno e de diatribe?

Pois esta mesma carta então exibe

Uma asquerosa caligrafia de rameira?


Não maior nem menor beleza,

A diferença fica na caligrafia,

De um texto feito com a leveza

De um poeta ou de uma mulher fria...


Fria em sentimento, pois não tem

Direitos que lhe venham recorrer:

“Olhem! Ela tem direito a amar e viver

Como outra qualquer possui também.”


Quente? Quente, o seu corpo, dia

Após dia... O dia inteiro de fervor.

Ferve a água do banho que o palor

Do árduo serviço que a contagia


Esmorece! Este pálido langor...

Sim, esta vontade de dormir...

O descansar dos gatos que o labor,

No dia seguinte, vem pra discernir.


Separa o bem-aventurado do defunto.

Ó, beijo! Ó, ineficácia e inerte vivência,

Viva no féretro antro de seus dias, dormência,

Pois não contam dias ao presunto?


E largamos o nosso assunto primeiro...

Será a Verdade tão dama e tão senhora?

É verdade? Emaús que prove... Por ora,

Tenhamos-lhe como o retorno do Cordeiro...


Foi palco da verdade ou insana conveniência?

Conscientemente eu preparo um Deus a venerar...

E ponho os povos a crer e a acreditar,

Então, verdade seja dita, mentira é dependência...

O que era mentira agora é motivo para morrer e matar...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Jane Austin? Meio inglês...

Orgulho pelo livro fácil...

Preconceito pela capa bege.

Bege é marrom claro?

Foge, candidato! Elege outro em teu lugar...

Meia história, garotas em pelo,

De pelo, contato normal: sem contato...


Outra época... E eu não posso colocar

Artigo: artigo articulado indireto...

Regra malvada... Eu quebro...

UM certo! UM outro... Um a mais, outro a menos...

E eu acabo de começar o livro...

domingo, 9 de maio de 2010

Monólogo às Mães

FILHO:

Que é que festejamos hoje? O dia

É o dia que criamos. Homens somos

Para montarmos o calendário. Dia a dia

E noite a noite seremos, somos, fomos.


Mais um dia e qualquer besteira?

Talvez um pouco mais de gentileza!

Hoje é dia de grandes amores. Grande Beleza.

É dia da clientela da parteira.


Hoje lembramos sangue e não choramos,

Mas choramos quando lembramos o que não temos.

Somos o que somos, ela faz o que seremos,


Tal qual as três mestras do destino. Amamos

Mais do que pensamos. Pensamos muito pouco nela,

Mas ela há de pensar sempre, desde a Gólgota ao cabo da panela.

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Nascem como outros, igual a todos e sempre o mesmo fim.

Choram muito e choram pouco: tristes, más, alegres e bondosas.

Temos por substituta um conto de fadas, onde as fadas são bruxas horrorosas.

Temos histórias que acabam nas rosas vermelhas, manchando de sangue o jardim.


Não chorem se não a tiverem do seu lado!

Não chorem se a enfermidade às assola!

Hão de ser sempre iguais! O mesmo fado,

Somente velhas... Vai passando a hora.


Não chorem, pois elas já choram por demais...

Riam das rugas que vão se formando,

Cheirem uma rosa nova e esqueçam a que está murchando

E permitam ao corvo o seu “Nunca mais”.


Nunca mais haverá tristeza na velhice,

Nunca mais as rugas atrapalharão caminhos...

Ruga não é sabedoria, é crendice...

Deixem-nos caminhar sozinhos.


Amor não é prisão, é liberdade. O coração é feito para agüentar saudade...


Atenciosamente,

Eu