domingo, 9 de maio de 2010

Monólogo às Mães

FILHO:

Que é que festejamos hoje? O dia

É o dia que criamos. Homens somos

Para montarmos o calendário. Dia a dia

E noite a noite seremos, somos, fomos.


Mais um dia e qualquer besteira?

Talvez um pouco mais de gentileza!

Hoje é dia de grandes amores. Grande Beleza.

É dia da clientela da parteira.


Hoje lembramos sangue e não choramos,

Mas choramos quando lembramos o que não temos.

Somos o que somos, ela faz o que seremos,


Tal qual as três mestras do destino. Amamos

Mais do que pensamos. Pensamos muito pouco nela,

Mas ela há de pensar sempre, desde a Gólgota ao cabo da panela.

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Nascem como outros, igual a todos e sempre o mesmo fim.

Choram muito e choram pouco: tristes, más, alegres e bondosas.

Temos por substituta um conto de fadas, onde as fadas são bruxas horrorosas.

Temos histórias que acabam nas rosas vermelhas, manchando de sangue o jardim.


Não chorem se não a tiverem do seu lado!

Não chorem se a enfermidade às assola!

Hão de ser sempre iguais! O mesmo fado,

Somente velhas... Vai passando a hora.


Não chorem, pois elas já choram por demais...

Riam das rugas que vão se formando,

Cheirem uma rosa nova e esqueçam a que está murchando

E permitam ao corvo o seu “Nunca mais”.


Nunca mais haverá tristeza na velhice,

Nunca mais as rugas atrapalharão caminhos...

Ruga não é sabedoria, é crendice...

Deixem-nos caminhar sozinhos.


Amor não é prisão, é liberdade. O coração é feito para agüentar saudade...


Atenciosamente,

Eu

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