sexta-feira, 18 de junho de 2010

Em Memória do Doutor da Literatura

Sexta-feira! Uma sexta-feira fúnebre, fechada, em que o céu cospe sua intemperança? Não! Apenas um sol baixo e abafado, com pouco calor, mas sem frio. É assim que minha manhã começa... Não! É assim que minha manhã começou. Sem lágrimas, sem risos, mais um dia como qualquer outro. Um dia humano, seco e úmido.

Na tela da tevê, enquanto comia um reforçado café da manhã, entre mais e menos notícias: misérias, mortes e atrocidades. Ambas tão fracas, ambas tão irrelevantes para a minha vida, vejo e paro, paro de comer o meu pastel, em cidade pequena a feira é sexta e domingo. Vejo que a vida não vale grande coisa.

O corpo se deteriora ao passo que alma se esvai. E com isso vamos perdendo insubstituíveis cartas do baralho, o jogo vai ficando cada vez mais escasso. Os coringas vão saindo e o resto vai ficando em jogo, alguns tentando uma jogada mais leve, outros acabando com o que os coringas tentaram construir.

Enquanto um escritor morre, um aspirante a terrier... Não! Nada! Apenas um retriever nasce em meio à bosta da mídia. Cães de recuperação de caças abatidas, servindo-se dos restos dos exímios caçadores e se mascarando com a urina da literatura.

Um verdadeiro escritor morreu! Meu pesar à notícia mais fúnebre do ano! E neste momento, mais do que em qualquer outro, eu gostaria de ser cristão para que conseguisse imaginar uma existência feliz ao lado de Deus! Mas a única coisa que consigo é imaginar o nada, é imaginar nada e nada imaginar. E como é difícil ficar sem imaginar, não?

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