segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Uma Comédia Humana – Parte I

Ri-se do encanto com que o canto entoa das cordas sonoras, divinas, dos pássaros canoros. Primeiro o rouxinol... Não! O Rouxinol... E ele também como o último... Sem meios de história... Uma história contada na manhã, passada pelo relógio da meia-noite.

Via tão incoeso toda àquela formulação dos fatos, sentia quase que um arrebatar do senso, mas prendia o próprio desejo, guiava o anseio – como bom ordinário – para um caminho mais suave. Sentia o horror predestinado nos livros ao assistir as barbáries do povo na televisão. Evitava-a, evitava também o jornal e a internet... Todas as fontes de maquinação da desgraça...

Trabalhava sem o mínimo gosto, tinha desejo por suas alunas. Sentia-lhes o cheiro, o gosto macio do aroma repousar em sua face, mas policiava-se... Não desejava um escândalo. Sua vida já era demasiada difícil, monótona até. E quem sabe um escândalo fosse o que Ela precisava? E quem sabe Ele é quem não precisava dEla?

A Aula de hoje transcendia as expectativas, repreendia-se com elogios que mais pareciam insultos. Temas tão abrangentes já nasciam fadados ao fracasso para a maioria dos alunos. A escola não era mais um desafio, uma diversão. Para ambas as partes – alunos e professores. Mas para ele ainda guardava um gosto todo suave de coesão e motivo, como por hábito fazia e o habito o fazia o que era. Ambos o devir alheio... Ambos... ambos.

O tema era Período Homérico, que em nada surpreendia mais os alunos, mesmo com suas histórias mágicas, deslumbrantemente completas. Mas deixava sim um receio, umasentimento de dúvida, um perguntar pela causa... Como se cada segundo na arena com Aquiles fosse um segundo perdido... Como se cada segundo na nau de Odisseu fosse um segundo irrelevante, uma aposta mal fundada, um investir fadado ao fracasso.

E ao fracasso com todos vós!

Talvez continue...

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