quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Aesculapius ubique

Doentes! Todos doentes, enfermos com a moléstia da vida... Ambos buscamos, como todas as outras espécies, algum balsamo que nos diminua o tormento de sofrer. Sofremos quando respiramos, sorvendo o ar cada dia com mais dificuldade – ... Ansiando ver a noite finda, enfim, buscando ainda algum remédio ao vicio de viver.

E como toda busca termina no fracasso ou na mentira, terminamos sofrendo ou mentindo – como quando escolhemos crer, esperar, amar. Cremos na melhora, vendo as rugas nascer, os corpos apodrecer, a vida se esvair... Esperamos um beijo de salvação com nossas bocas secas, nossos lábios rachados, com nossas chances no chão... Amamos – mesmo que em troca nos custe os olhos da reflexão – para evitar a visão da vida que decorre, da rotina incauta.

No fim, o fim não importa... E todo o trajeto que trilhamos, mostra-nos que deixamos grande parte do que poderíamos ter sido, do que fomos... Enquanto o tempo passa, febril e indiferente, as nossas escassas possibilidades escorrem como grãos por entre os nossos dedos... “O que poderíamos ter sido?”. Pergunta fria, malevolente, maquiavélica... Não se insulta assim um estuprador de crianças... “O que poderíamos ter sido?”. Cobrança... Mais que cobrança... Lembrança... Inveja de um Ego bem melhor... Lágrimas que escorrem depois de termos retirado todas as maçãs da árvore da vida... Agora acabou!

Abençoado seja o dom da morte! Omnia cinis aequat!

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