domingo, 21 de novembro de 2010

Hospício

Corredor longínquo. Varias portas o circundam, todas trancadas. Resta-me a porta da frente: escadaria... Os corrimãos mal pintados, cheios de ferrugem... Termino de descer, cheiro a minha mão, gosto de ferro, odor de passado.

Muitos homens de branco... Anjos de Deus?... Muitos homens carrancudos, cheios de branco, de cheiro de jasmim... Demônios de Deus?... Homens que cobrem o espaço de quase todo o hall. Correr para a saída seria loucura. Quem fugiria do céu? Pois pro ratione Deus dispertit frigora vestis. Mas e se for o inferno...? E quem fugiria do inferno? Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate...

“Deus, por que me abandonaste?”, disse o poeta... E o filosofo disse: nós o matamos...

Deus, por que me odeia tanto? As coisas parecem rodar, volto à escada... Sento no último degrau – ou seria o primeiro...? Depende de por qual ângulo se observa –... Será que a escada forma um ângulo reto...? Como aqueles dos exercícios de matemática!

Eu me rendo, entro no hall, grito de raiva... Acordo na cama... Será que temos de começar tudo novamente?

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