Eu espero que me ouças,
Ouve, mundo, o que te digo...
Desculpa-me a falta de palavra,
Por tal me sinto um mendigo...
Sujo, imundo da goela ao reto
E do resto do corpo desprovido,
Sem um mínimo de compaixão me puno
Com a impunidade do vencido...
Vender-me as esperanças
De um melhor futuro construído
Já não é mais que punição
E não supera o corpo corrompido...?
Amar o que me pune,
E ser pelo sumo amor punido
Já não basta o perdão
E ter por clemente o ofendido?
Se não sei perdoar
E por tanto ser bandido
Que perdão não merece
Da clemência conseguido...
Não é por tal razão
Da falta de razão afligido
Que não mereço dos pecados
Ter todo pecado eximido...
Perdoa-me, mundo...
Que do mistério mais profundo
Tem o tempo por barreira
Perdoa-me, irmão
Que do frio do céu ao gélido do chão
Não quis magoar-te nem de brincadeira...
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