As informações mal digeridas voltam ao cume da goela e querem pertencer a minha vida, igualmente o vômito das substâncias que meu organismo rejeita tão veementemente. Observo a morte de um inseto, e ele se contorce tão lindamente, que o gozo da minha iniqüidade não pode se prender ao núcleo da minha alma. E cada átomo da minha existência esperou por este momento.
O toque da realidade extirpa todas as minhas esperanças e a ablação dos meus anseios torna o fato, já enfadonho, completamente insuportável. Já não vejo os olhos malogrados que me pasmavam em meus pesadelos, agora já me acostumei a vê-los nos espelhos da minha casa. Logo que amanhece e o sonho acaba, e a vida começa, ponho-me de pé e me recuso a fitar minha própria sombra.
Mas minha sombra me fita e diz, com sua face obscura, algo como a resposta d’algum abismo furioso, d’algum abismo mirado e observado durante toda uma existência. Todavia, não tenho medo das trevas, porquanto nela vivi e inda vivo, com os resquícios de um sol que já não nasce, com o cheiro d’uma flor que já não mostra pétalas.
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