sábado, 28 de novembro de 2009

Fetiches Noturnos...

Porque sempre à noite? Uma hora depois do crepúsculo começa, uma hora antes do alvorecer termina...

Porque sempre é na madrugada que passam os meus sonhos, contos e romances? O sol é tão mais belo, mas a bela frieza da lua, seu seio branco e liso feito porcelana, seu semblante de estatua... Tudo me fascina!

É como sentir o gosto morno do sangue seco na pele ferida da virgem que se mata... É como sentir o mundo cego, as íris brancas inemotivas dos olhos que não souberam aprender a ver...

Quando morrer, vai ser numa noite de luar materno e o incesto – meu romance com a mãe lua – vai acabar no momento em que o vampiro subir do inferno para provar meu sangue, me libertando, astuto, da embriaguez do absinto, me salvando da verdade, me mostrando o mundo ilusório das chacinas, das riquezas materiais, do gosto do sangue, da maciez de sua pele.

Vou ter um romance com o vampiro que me libertar, vou ser o seu eterno escravo e, se for mulher, provarei do cheiro doce de terra no seu cabelo, da claridade de sua pele de defunta, do gosto dos seus seios em minha boca, do seu pudor e o meu pudor como um só... Uma simbiose sem amor ou crença. Se for homem, seus grossos fios de cabelo serão por mim acariciados quando voltar da caçada, sua roupa será despida pelas minhas mãos, sua pele será afagada pela minha pele e, em seus banhos noturnos, compartilharei os mistérios da dor e da morte numa só mordida, num só beijo...

Não sou gay, mas a vida na morte me fascina e, se tivesse a chance de provar a eternidade mesmo que isso me custasse às matanças sem amor e a venda de meus princípios, faria sem balbuciar... Mentira! Balbuciaria e, tremendo, entraria em êxtase sexual, para que mais sentisse prazer, no momento da mordida...

Morro e renasço feliz... Uma falsa vida recomeça... Uma vida sem luz onde os vitrais das igrejas não colorem os bancos... Onde a única luz que se torna verdadeira é a artificial luz do neon e a parca crença em Jesus... Uma crença onde acredito que mesmo depois das chacinas o bom Senhor me perdoará e me acolherá nos altos céus onde habita... Uma crença onde o inferno vai apenas para os mortais que pecam... Pois os falsos imortais não crêem no pecado... O maior pecado é cometido apenas por amor a vida... Amor não, mas sim um fanatismo... Já dizia um sábio poeta: “Roma é a cidade do fanatismo e da perdição”. Preciso ir para Roma...


Atenciosamente!

UM SOFREDOR...

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