segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quimeras

Alma sonolenta emudecida,

És virgem em sentimento,

Não sabeis o que és a vida,

Não nasceu o pensamento.


Alma lasciva, intermitente,

Fria, dócil, monstruosa,

Vaga, pálida, morta, carente

De mais presença glamorosa.


Morreis enquanto mata o sentimento,

Matais, provais o doce verve quente,

O sangue que é amargo frio silente

E guarda mais sabor do beijo lento...


Corais alva face virgem mal-regrada,

Mostrai o Loki deus em que habita,

Colheis o amargo fel da terra arada,

Cegais o negro olho que te fita...


Não temeis o julgamento humano,

Provais que é imperfeita e imortal,

Provais do luxo morno que é profano,

Olhais com seu olhar aceso fatal...


Alma, não nasceu para viver sorrindo,

Nasceu apenas pra morrer sofrendo,

Sentindo a adaga quente lhe ferindo

E o sangue do seu corpo ao chão vertendo...


Não sofra o amargo destino que é imutável,

Queirais o beijo magno do vampiro,

Correis ao rubro braço forte inefável

Morreis sorrindo o seu último suspiro...


Ao menos terás a companhia dum defunto,

E eu que não terei companhia alguma?

Morrerei sozinho! Célula a célula, uma a uma...

“Por quê?”. Pergunto ao Deus! Pergunto...


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