domingo, 8 de novembro de 2009

O Domingo chora...

Nunca domingo algum foi mais fresco, teve mais rosto de Europa em verão do que esta data chuvosa. As gotas da chuva caiam em vertical e molhavam as janelas, transbordado em barulho e em frescor de vento. Infelizmente, o vento cessou quando a necessidade de minha ganância material fez com que minhas mãos fechassem as janelas para a proteção de minha propriedade privada. Jamais, em qualquer circunstância, um homem deve preferir o palpável, às caricias que o vento lhe faz.
Lá fora, o vento era mais bravo e, mesmo com sua bravura, meu corpo de zumbi atônito resolveu sentir em pele viva o gosto que a chuva traz. Nenhum gosto é mais suave do que as gotas do céu e a chance de ver as flores orvalhando. É como se Deus existisse e estivesse chorando pela duvida humana que não me deixa acreditar em sua existência.
Se Deus existisse, ele dividiria o tempo em estações. Faria da chuva o frescor que abala o mormaço do Verão, faria das flores de Primavera o colorido que abrandaria o amarelo seco do Outono e o cálido Inverno o final que mostra ao homem que tudo termina para ter um início.
Hoje... Dizem ser um dia parecidamente Inglês. Ouvi rumores da semelhança com a Londres outonal. Alguns podem dizer que o dia está perfeito, mas eu venho lembrá-los que a perfeição é sombra que escurece a vista dos que não querem ver. Se me permitissem acender a luz... Talvez a vista clareasse e tudo voltasse ao normal. Mas, muito provavelmente, os visionários da perfeição não o querem desse modo. De fato, é preferível a sombra que nos obscurece o buraco na estrada do que a luz que nos mostra e nos obriga a ter coragem de enfrentá-lo.
Todos que escolheram a calmaria da sombra terão uma morte rápida e indolor. E, indubitavelmente, serão tachados de “Fracos” e todos que optaram pela luz morreram sofrendo seus temores e serão chamados de “Derrotados” ou vencerão o medo para serem “Vencedores”.
A “Vitória” não existe, ela é apenas uma existência prolongada que termina na mesma dor. A “Derrota” não existe, ela é apenas uma invenção humana para aqueles que não conseguiram prolongar a sua existência com o devido espaço. A “Fraqueza” é a benção dos sábios, que os faz optarem pela cegueira em prol da suavização ou eliminação da dor. Os “Fortes” são aqueles que não são sábios o suficientes ou, como é o meu caso, são masoquistas sentimentais que escolhem o sofrimento para se vangloriar por ter suportado algo insuportável.

Obs.: Os grãos de café só fogem de minhas mãos quando estão moídos e o que passou não volta... O que volta é apenas uma lembrança, por mais palpável que seja. O que você fez com o carro?

Atenciosamente!
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